Cada dia que passa tem ficado mais difícil ser autentica, pelo menos para mim. E não estou falando isso porque tenho medo de ser eu mesma, ou por medo do que os outros vão dizer, pelo contrário, eu nunca liguei muito para isso. Mas nos últimos tempos tem ficado difícil, acho que por conta da internet, dessa volta do conservadorismo, e a era clean girl e basic girl, todas essas mudanças têm tornado meninas tão parecidas, tudo pelo desejo de ser padrão ou pelo medo de ser diferente.
Eu mesma nunca me importei muito com o que os outros diziam de mim no ensino médio, até porque descolori a minha sobrancelha no meio do segundo ano e só parei no meio do terceiro, então é, eu nunca me importei, mesmo após comentários maldosos e pessoas básicas demais falando disso. Já tive meu cabelo vermelho, já fiz progressiva, passei pela transição durante todo o meu primeiro ano e não escondi, já cortei meu cabelo bem curtinho para tirar as partes lisas do cabelo. Não que tudo isso seja algo muito UAU, mas muitas meninas da minha escola e da minha idade nunca teriam passado por isso ou mudado a aparência durante o ensino médio, e por que eu sempre tive essa coragem? Porque nunca me importei com comentários de pessoas que eu nunca me inspiraria, e também sempre quis ser autentica.
Talvez o fato de eu nunca ter sido escolhida na infância, ou nunca ter sido nomeada a menina bonita também tenham me ajudado, sempre fui a menina feia, que ninguém queria, que as pessoas falavam da aparência, então nunca tive essa pressão em não mudar a minha aparência, o que sinto que as meninas nomeadas bonitas durante a escola sofre. Acho que talvez isso tudo tenha ajudado a me importar um pouco menos, a falta de pessoas falando que eu era bonita naturalmente me ajudou a não ter medo de mudar meu estilo ou minha aparência. E o que isso tudo tem a ver com a falta de personalidade hoje em dia? Simples, as pessoas têm medo do que não é padrão, as pessoas querem o que dá certo, como as clean girl, dá certo, é básico, e o básico sempre dá certo. E quando essas pessoas básicas dão de cara com pessoas com estilos mais autênticos, muitas das vezes, a única coisa que elas sabem fazer é criticar, apontar defeitos e até mesmo chamar de sujo.
O problema aqui não é você ter um estilo básico, o problema é você se “identificar” com ele por pura influência, ou julgar e criticar outros estilos diferentes do seu, por insegurança e preconceito.
Eu sinto que quando era mais nova, eu tinha mais personalidade, tinha menos medo do pensamento dos outros, mas acho que isso faz parte da vida adulta, você precisa arrumar um emprego e muitos lugares não vão aceitar seu piercing, sua sobrancelha descolorida ou seu cabelo colorido. Hoje, eu ainda sinto a Isabella adolescente dentro de mim, o desejo de ser diferente, de não ser igual às outras meninas, ou então de usar aquelas roupas que não estão muito no padrão. E não que eu me ache melhor por causa disso, mas acho importante ter sua própria personalidade, principalmente hoje em dia, com tantas redes sociais, tantas pessoas para se inspirar. Talvez seja normal a gente se perder às vezes, eu me perco ocasionalmente, mas não posso esquecer de me achar.
Acho que isso que as outras pessoas esquecem, de se achar novamente, de ser elas mesmas, e talvez por isso as redes sociais tenham se tornado tão monótonas, as pessoas têm vergonha de postar em suas próprias redes sociais, tem medo do que as outras vão pensar, e estão tentando torna o Substack assim também, com as regras chatas, e reclamações fúteis, vou deixar o link de um texto que li pela manhã que explica melhor o que estou dizendo. É importante ser único, mesmo num mundo com 8 bilhões de pessoas, é importante ter suas próprias opiniões e gostos.
Espero que vocês não tenham entendido errado, o que estou querendo dizer é que precisamos ser nós mesmo, mesmo sendo difícil, você não precisa ser diferente de todos, até por que hoje é impossível, mas você pode escolher como quer agir, se vestir, e do que gostar, e não se deixar influenciar pelo que as pessoas dizem ser certo, ou pelo que está em alto algo, entendem?
Link do texto que mencionei para vocês
: ninguém pediu pra você vir
-Isabella Almeida
É interessante ver outras pessoas passando por coisas parecidas! Tive uma trajetória parecida com a sua nesse sentido, e agora, na faculdade, estou mais "basica". As vezes parece que construir um "estilo pessoal" só pra ser julgada, inclusive por pessoas proximas, por não estar aderindo aos padrões não parece um bom uso do meu tempo. Ao mesmo tempo, uma parte de mim (talvez minha pré adolescente interior) clama por mais autenticidade, e talvez até por uma expressão de si mais genuína.